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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Deixa chover

Nas minhas fantasias queria que houvesse um dia específico para chover, ou talvez uma hora certa para isso acontecer. Imaginem como isso facilitaria o planejamento da nossa vida. Porém, isso é só um devaneio.
Sei que existem lugares que ficam mais de um ano sem chuva. Nunca visitei nenhum deles, mas imagino cidades empoeiradas e sujas. Filosoficamente essa é uma das funções da chuva: lavar, limpar e carregar para longe toda a sujeira indesejada. A chuva lava as ruas e as almas.
Lembrando da minha história recordo de inúmeros dias nos quais a chuva atrapalhou ou inviabilizou programas que eu tinha. Já estive preso no trânsito, várias vezes, devido a alagamentos. Já tive o carro alagado pela água. Na minha infância as goteiras em casa eram uma constante, nem sempre tínhamos panelas e baldes suficientes para colocarmos em todas elas. Me recordo das vezes que voltei para casa com água até os joelhos e dos tantos guarda-chuvas (esses objetos essenciais e hoje descartáveis) que se quebraram com as rajadas de vento. Me veio à memória de um período de chuvas tão intensas que os meus pais resolveram colocar todos os nossos móveis no depósito da empresa de um amigo. Enquanto isso, eu e minha irmã fomos para a casa de outros amigos na praia. Foi um "veraneio" no inverno. Hoje é uma boa lembrança.
Atualmente vivo numa cidade que chove, em média, mais de 150 dias por ano e que, raramente, fica mais de 15 sem chuva. Assim, a chuva é parte integrante da minha vida. Não adianta negar ou me revoltar.
Agora, como tantas vezes, a chuva ameaça um passeio bastante esperado. Mas vou tentar abstrair isso. Tentar controlar a minha ansiedade.
Assim, deixa chover.
(Obrigado pela foto P.)

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