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domingo, 22 de setembro de 2013

Sozinho no cinema. Será que era um filme só para homens?

Mais uma tarde sozinho e resolvi ir ao cinema. Fui ver o filme cujo horário era mais próximo, “Rush”. Não costumo ver críticas de cinema antes de ver um filme (às vezes vejo depois para ver se concordam comigo). Sabia apenas que contava a história da rivalidade entre dois pilotos de Fórmula 1, Niki Lauda e James Hunt na década de 1970, quando comecei a assistir corridas. Eu era só um garotinho, mas me lembro de forma chocante quando vi as fotos do acidente de Niki Lauda. Só que foi muito mais impressionante, depois de saber das graves queimaduras que sofreu, ver ele voltar a correr somente 42 dias depois. Isso para mim foi um exemplo inesquecível de superação, coragem e persistência.
Hunt - filme Rush - Lauda (fontes: Wikipédia)

Meu pai era da opinião que Lauda e os outros corredores eram malucos. Até hoje ele detesta corridas, diz que não considera um “esporte” uma competição que as pessoas morriam praticando. É claro que era outra época da F1, para terem uma ideia, entre o início da categoria, em 1950 e a morte de Senna, em 1994, que foi a última a ocorrer, foram 45 pilotos a morrerem em acidentes. Isso dá uma média de mais de 1 por ano. Como o número de pilotos sempre foi pequeno, realmente o risco era bem grande.

Voltando ao filme, adorei! Uma história com valores sociais importantes como amizade, profissionalismo, superação, amor à família, companheirismo, competitividade, respeito profissional, inveja, entre outros ingredientes. Tecnicamente o filme é perfeito, parece até que as imagens são originais. Já conhecia a história, mas saí renovado.

Por outro lado, o que levou a escrever este post não foi o filme em si, foi o público que estava presente no cinema. Era a única seção do filme no dia, ainda assim havia menos de 20 pessoas na sala e, exceto por um menino de uns 12 anos que estava com a mãe, ninguém tinha menos de 40 anos, sendo que a faixa etária média era maior do que 50 anos. A maioria homens de meia idade sozinhos, incluindo eu.

Me perguntei, por que tantos homens sós? Será que são divorciados, separados, viúvos, ou apenas deixaram suas companheiras fazendo alguma coisa mais do seu interesse? Será que a temática do filme não interessa às mulheres? É claro que o pano de fundo é o universo das corridas, que sempre interessou mais aos homens, mas o filme é muito mais um drama do que uma história de aventura. Mesmo assim, não tenho respostas.

Hoje não assisto mais corridas, assim como não assisto mais nenhum tipo de esporte (só eventualmente). As minhas razões não tem relação com as do meu pai. Na verdade, me desiludi com o universo do esporte profissional, tem muita sujeira e interesses escusos envolvidos e alguns se aproveitando da paixão das pessoas, mas isso é uma visão muito pessoal. Se você gosta de assistir esporte, sem problemas.

Quanto às mulheres, vejo várias conhecidas reclamando que os homens não querem mais nada. Não querem compromisso, não isso, não aquilo... Só sei que eu e vários outros homens estávamos sozinhos no cinema. Eu, certamente, preferia estar acompanhado. Consigo compreender muitas coisas desse mundo, mas não as mulheres.

Fontes:
- “Hush – No Limite da Emoção”: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-195370/
- Niki Lauda – Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Niki_Lauda
- James Hunt – Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Hunt
- Lista de acidentes fatais na Fórmula 1 – Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_acidentes_fatais_na_F%C3%B3rmula_1

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Desculpando (um pouco) o racismo

Considerações sobre o racismo "científico" e as gerações que foram influenciadas por essas ideias.


Francis Galton - Wikipedia
Estava lendo o delicioso livro de Leonard Mlodnow, sobre a aleatoriedade e a influência que ela tem em nossas vidas, "O Andar do Bêbado" e me deparei com um trecho sobre o Eugenia. Você pode se perguntar o que um livro sobre a história da estatística e da probabilidade falaria sobre o melhoramento genético. Ocorre que Francis Galton, primo de Charles Darwin, foi um médico que viveu na metade do Século XIX e que como matemático brilhante foi quem introduziu o pensamento estatístico na biologia. Quando ele fundou a Eugenia, do Grego eu (bom) e genos (nascimento), aparentemente, ele pretendia melhorar a condição humana (tal como eliminar doenças hereditárias) através da reprodução seletiva.

Com certeza foi uma ideia simples, mas revolucionária. Baseado nos estudos que fez das características humanas e com a ajuda das ideia do livro de Darwin publicado 10 anos antes do seu, incentivava processos de seleção artificial nos humanos. Do mesmo modo que, há milhares de anos, a humanidade já fazia com produtos agrícolas e com animais domésticos.

Entre 1869, data da publicação do "Gênio Hereditário" de Galton, até 1945, com a derrocada final do nazismo alemão, muitos cientistas sérios, apoiados por forças econômicas e políticas poderosas, reafirmaram a validade da Eugenia. O problema é que ela, ao invés de melhorar a humanidade, acabou piorando as condições de várias populações pela justificativa "científica" para o racismo e a discriminação social.

Hoje a grande maioria das sociedades condena formalmente o racismo e os racistas "declarados" são os que vivem nos "guetos" culturais, se escondendo em blogs obscuros e em literatura subversiva. Ninguém com uma cultura científica razoável atualmente tem coragem de defender a Eugenia. Mesmo as leis, que ainda existem em alguns lugares do mundo, que proíbem a procriação de pessoas com problemas genéticos estão acabando.

Nesse contexto, hoje eu entendo muito melhor um capítulo de um livro de ciências que o meu avô (aquele de quem já falei outras vezes), usava na escola. O livro "Noções de Ciências Físicas e Naturais", em uma edição de 1920, diz, logo no início do capítulo de ciências naturais, que a [...] raça branca ou caucasiana [...] são os mais inteligentes e sua influência estende-se sobre todos os outros homens.
Texto original sobre a superioridade branca

Meu avô não era um homem especialmente racista. Sempre foi um homem que fez muitas obras sociais, apesar de ser pobre, e nunca fez parte de nenhuma organização que fizesse apologia à superioridade branca. Bem pelo contrário, detestava os fascistas. Mesmo assim me lembro de algumas declarações antissemitas, do tipo "paranoico" sobre o "sionismo internacional". Por outro lado, vendo o livro de ciências para adolescentes de 1920, é fácil de entender como uma geração que foi criada entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial pode apoiar tão facilmente teorias sobre superioridade racial.

Assim como não podemos mudar o passado, também não podemos esquecê-lo para não corrermos o risco de repetir os mesmos erros. Foi pensando nisso que mostrei o livro para a minha filha de 11 anos.

Fontes:
- "O Andar do Bêbado" - Como o Acaso Determina Nossas Vidas - 
Autor: Leonard Mlodinow - Editora: Zahar - 2009.
- "Noções de Ciências Físicas e Naturais" - Editora: Livraria Francisco Alves - 1920
- Eugenia - Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Eugenia
- Charles Darwin -Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin
- Francis Galton - Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Galton
- Sionismo - Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sionismo

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O ciclo da água em Porto Alegre

Um modelo para estudos do ciclo urbano da água. Um estudo de caso sobre o enfoque do consumo humano.

Obs.: Este post é uma reedição de mais um trabalho que escrevi, em janeiro/2003, quando estava fazendo mestrado. Agora coloco aqui para torná-lo público e servir de base para outros trabalhos. Novamente, o estilo é um pouco mais acadêmico do que o de costume, porém, simplifiquei e atualizei os links das referências bibliográficas (sem deixar de mencioná-las) e também alterei a numeração dos itens. Diferentemente do trabalho anterior, sobre ética, este está desatualizado quanto aos dados, mas eu sempre gostei dele porque, mesmo com dados defasados o modelo é interessante. Ao longo do trabalho coloquei observações (em Itálico) que são recentes. No final eu coloquei umas dicas sobre como conseguir dados novos e sugestões para que você faça o mesmo com qualquer outra cidade.

1. Introdução

Fonte: Google Maps
Vivemos numa época em que os recursos naturais são cada vez mais escassos e onde seus custos de aquisição cada vez mais elevados. Paralelamente vemos que a população mundial cresce em proporções geométricas. São urgentes soluções para conservação dos recursos existentes e a busca de alternativas para um desenvolvimento sustentável. E as soluções devem ser buscadas na própria comunidade e ambiente em que se vive. A partir do conhecimento desse meio-ambiente onde fica a comunidade.
A água é um recurso natural fundamental à sobrevivência humana e sua preservação é dever de todos. Portanto este trabalho tem como finalidade fornecer subsídios para a compreensão do funcionamento do ciclo urbano da água no município de Porto Alegre. Dando-se uma ênfase à água para consumo humano e aquela que resulta do consumo humano.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Onde coloco o meu posto de gasolina? A localização de um posto de combustíveis.

Um guia prático para você avaliar a melhor localização para o seu posto de combustíveis.

1. Introdução

A localização de um posto de combustíveis.
Já fiz um post sobre os custos de implantação de um posto de combustíveis, agora chegou a hora de avaliarmos o local para a construção de um posto. Futuramente farei um post sobre os custos de manutenção do posto.
Este não é um trabalho acadêmico, é somente um relato da minha experiência profissional. Quem quiser uma fonte mais formal, procure pelo belo trabalho de Dias Neves & Mendes Costa .
Mais frequente do que a pergunta de quanto custa para implantar um posto é se um determinado terreno é bom para colocar um posto. Às vezes o terreno é seu e outras vezes um terreno que você tem em vista para alugar ou comprar. Aqui vamos falar somente em localização, sem nos preocuparmos com custo. Então antes de seguir com a ideia do posto, veja se o seu ponto é bom para a implantação dele.
Dividi a localização em dois tipos: a “localização comercial” é aquela que onde só interessa o melhor ponto para colocar o posto, aquele ponto onde você maximizará o seu investimento; o segundo tipo é a “localização legal” onde trataremos dos limitantes legais para a abertura de um posto de combustíveis dentro de uma determinada região.
Obs.: criei (dia 11/10/2013) um outro post com orientações sobre como estimar os custos de operação do posto de combustíveis