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quinta-feira, 30 de maio de 2013

O "nariz perfeito", a maior conquista da engenharia genética.

Uma crítica à obsessão com a perfeição estética. 


Era de tarde num sábado qualquer de 1983, fui sozinho, como quase sempre, ao antigo cinema São João no Centro. Não sabia nada sobre o filme, mas saí balançado do cinema. Foi assim a primeira vez que vi "Blade Runner". Era um filme muito diferente das ficções científicas da época, muito mais denso. Bem, com o tempo o filme se tornou um dos maiores "Cult Movies" da história. Bom eu poderia comentar sobre os diversos aspectos éticos e morais da trama, sobre a estética revolucionária da direção de arte, da inesquecível trilha sonora ou sobre a perfeita sintonia do elenco com a direção. Só que não vou falar sobre nada disso, vou falar sobre Engenharia Genética, a base do roteiro.
Naquela época a Engenharia Genética era só um sonho. O conhecimento dos genes estava avançando e o sequenciamento de DNA ainda estava sendo desenvolvido. Ainda assim o filme imaginava um mundo em que, em 2019, a manipulação genética esteja tão avançada a ponto de se criar androides orgânicos (os replicantes). As formas e comportamentos desses eram especificamente desenvolvidos para as atividades fins aos quais eles se destinavam. Por exemplo, havia um replicante de “brinquedo” que tinha um enorme nariz.
Pois é, há poucos dias estava num corredor de um prédio comercial e cruzei com uma bela jovem com um grande curativo no nariz. Claramente a moça tinha feito uma rinoplastia. A naturalidade que a menina ostentava as marcas recentes da cirurgia, me fez pensar sobre a banalização da cirurgia plástica, especialmente no nariz.
Eu não sou um radical contra as cirurgias plásticas, nem mesmo as estéticas. Lembro que li no livro “A Assustadora História da Medicina”, do qual já falei em outro post que a cirurgia plástica começou exatamente com a rinoplastia. Na Índia antiga, alguns crimes eram punidos com a amputação do nariz (terrível isso), e assim nasceu a solução com técnicas bem primitivas, mas, eficientes. Por outro lado, condeno qualquer tentativa de busca da perfeição estética. Sou daqueles que acham que perfeição rima com obsessão.
Quantas pessoas que conhecemos e que achamos que têm um corpo totalmente normal, mas que insistem em modificá-los através cirurgias? Tenho uma colega que tinha o nariz normal e fez uma plástica e ficou com o nariz bem estranho. Depois ela fez uma segunda cirurgia e deixou mais estranho ainda. É claro que eu sei que tem gente que tem problemas estéticos sérios e outros que têm grande dificuldade de se aceitar do jeito que são, e que, para esses, a cirurgia plástica pode fazer milagres na autoestima. Mas, para grande parte, não faz a menor diferença.
Coloquei no Google as palavras “nariz perfeito”, a resposta foi de vários sites com frases como: “conheça a fórmula do nariz perfeito”, “em busca do nariz perfeito”, “segredos para um nariz perfeito”, “modelo de nariz ideal para cada tipo de rosto”, “como ter um nariz perfeito”, etc. Eu me pergunto, por que ser perfeito? Não é, justamente, a imperfeição que leva à evolução das espécies? Os padrões estéticos não variam no tempo e no espaço? Será que existe algum tipo verdadeiro de perfeição, mesmo que moral?
É, talvez, na verdade, seja eu que estou ultrapassado. Talvez, no futuro, a manipulação genética possa criar pessoas esteticamente perfeitas. Talvez a maior conquista da engenharia genética não seja acabar com a hemofilia ou com a anemia falciforme (que levou tão cedo a minha amiga Mônica), mas sim criar o humano esteticamente perfeito, a começar pelo nariz perfeito.
Um nariz bonito mas não perfeito
Nariz da Sean Young
A coleção de fotos de narizes acima são todas de Sean Young a eterna replicante Rachael, de “Blade Runner”. Considero o nariz dela um dos mais bonitos (eu não disse “perfeitos”) da história do cinema. Só não posso garantir a “autenticidade” dele.

FONTES:
Sites sobre "narizes perfeitos":

terça-feira, 28 de maio de 2013

O "Complexo do Cachorro Vira-Lata", uma visão positiva.

Sindrome do Cachorro Vira-Lata
Eu tinha 17 anos e viajava de carro com a família pela Argentina e Uruguai. Na sala de espera da recepção de um hotel de Montevidéu, folhava um jornal local (“El Pais”) e me espantei quando vi que tinha uma seção só de notícias da Argentina e outra com notícias do Brasil. Não sei se ainda é assim, mas, na época já tinha viajado bastante pelo Brasil e nunca tinha visto num jornal daqui seções sobre um país específico, muito menos latino-americano. 
Muitos anos mais tarde, conversei sobre esse assunto com um colega uruguaio, radicado desde o tempo da faculdade no Brasil. comentei sobre o assunto. Na orgulhosa interpretação dele, o povo uruguaio, sendo mais culto e alfabetizado (no que ele tem razão), se interessava mais sobre os assuntos do mundo. Pensei bastante nisso e a minha interpretação é um tanto diferente. 
Quanto mais estamos fora do foco dos acontecimentos, mais nós sabemos do que acontece nos locais centrais, e menos os grandes centros sabem sobre a nossa realidade. E isso vale para a relação entre o Acre e São Paulo, Brasil e Estados Unidos ou Uruguai e Brasil. Mas também vale para alguma pessoa famosa do seu bairro e você. Todos devem se lembrar de alguma situação constrangedora em que você conhece a pessoa e quando a encontra ela não se lembra de você. Isso mexe com os nossos brios, da mesma forma quando um “gringo” diz que a capital do Brasil é Buenos Aires. 
Por outro lado, quando algum brasileiro vence em algum esporte ou tem algum destaque positivo na mídia internacional, nos enchemos de orgulho. Queremos e precisamos desse reconhecimento. Por toda a minha vida tenho esperado e torcido por um Oscar ou um Prêmio Nobel para um brasileiro. Sim, confesso que também sofro (um pouco) com essa baixa autoestima nacional. Isso que vem sendo chamado de “complexo de vira-lata”. 
Sou de uma geração que ouviu falar muito de Nelson Rodrigues . Mas, já tinha visto várias peças de sua autoria, além de ver filmes e especiais de TV baseados na sua obra, quando ouvi pela primeira vez a tal expressão: complexo de vira-lata. Acho que a expressão resume bem como nos sentimos com relação aos outros povos. Como sempre esperamos o reconhecimento do outro para, só assim, nos sentirmos competentes e capazes. Estamos sempre monitorando as notícias sobre o Brasil que saem na imprensa internacional. Morremos de vergonha quando um brasileiro “dá uma de esperto” no exterior e isso se torna público. Será que isso é tão importante assim? Será que todo o brasileiro lá fora nos representa, para o bem ou para o mal? 
Não é que eu defenda o isolacionismo cultural, do tipo “eu me basto”. Para mim, a verdade sempre tem mais de um lado. Se conhecermos as versões de todos os lados, podemos ser mais justos no julgamento. Se é que precisemos fazer algum julgamento. Assim, se acompanharmos o que a mídia internacional fala sobre nós e a posição dela sobre os acontecimentos que nos afetam, podemos formar melhor uma opinião. Com menos probabilidade de sermos “contaminados” por opiniões parciais ao extremo. Também acho fundamental tentarmos compreender a realidade dos outros povos. E falo de todos os povos, não só os polos econômico-culturais, mas os países periféricos também. Além disso, quanto mais íntimos nos tornamos dos outros, mais difícil de existirem ódios gratuitos. 
Me convenci dessa necessidade de procurar sempre o outro lado, quando estava lendo um livro sobre a Guerra do Paraguai. Decidi dar uma conferida em algumas informações na Wikipédia e, para o meu espanto, havia uma série de diferenças entre a versão em Espanhol (onde é chamada de Guerra de la Triple Alianza) e a em Português. Procurei alguns blogs paraguaios e lá vi “outra” guerra. Não estou dizendo que eles têm ou não razão. Só repito que a verdade tem mais de um lado. 

Mas a falta de identidade nacional, se é que isso realmente é necessário, é outra característica marcante no complexo de vira-lata. Por exemplo, eu sempre considerei o Brasil um país ocidental, não só geograficamente, por óbvio, mas, principalmente, no aspecto cultural. Porém, há pouco li o livro “Civilizaçao: Ocidente X Oriente”, do britânico Niall Ferguson. Nele o autor considera que a América Latina não pertence à cultura ocidental (apesar de Espanha e Portugal pertencerem), porque os seus países não seguem uma das 5 principais características dessa cultura que é o amplo direito à propriedade (sendo permitido apenas à uma elite) e a consequente representação política que dela advém. Inicialmente fiquei chocado, mas aí pensei: é tão importante assim ser ocidental (isso admitindo que Ferguson tenha razão)? Qual é a vantagem disso? Acho que cada povo tem as suas peculiaridades. Assim como cada pessoa também tem. Se as pessoas se sentem bem, vivem bem, isso é o que importa. É isso que temos que almejar.

Pode parecer um contrassenso, mas fui buscar a opinião de estrangeiros. Acompanho (pra não dizer que sigo) alguns blogs de estrangeiros que vivem ou viveram no Brasil. Iniciei isso para treinar outras línguas. Em alguns desses blogs, encontrei os argumentos finais para este post. Eles seguem abaixo: 
  • Adventures of a Gringa (a tradução é minha) – site de uma nova-iorquina que viveu no Rio e agora voltou para os EUA com o marido brasileiro. Na lista da 10 coisas que os americanos não entendem sobre os brasileiros, em primeiro lugar vem: “os brasileiros são obcecados pela imagem do seu país. Todo o brasileiro que eu encontrei, inevitavelmente me pergunta, ‘O que você acha do Brasil? Você gosta daqui?’ Isso, aparentemente acontece com muitos estrangeiros. Por que vocês se importam tanto com o que nós pensamos? Vocês são como meninas adolescentes. Vocês sabem que têm um lindo, maravilhoso e incrível país. Por que vocês precisam ouvir isso de nós?”. A gringa também fala que em primeiro lugar na lista das 10 maneiras de irritar um brasileira está: “criticar o Brasil ou os brasileiros, fazendo a qualquer, mesmo que remotamente, comentário negativo sobre qualquer assunto relacionado a eles.” 
  • Japonês em Porto Alegre - Blog que trata de diversos assuntos sobre Japão e Brasil. A descoberta deste blog me inspirou a fazer este post. Conforme o próprio autor “Um dos objetivos deste blog seria passar informações mais reais aos leitores brasileiros ,comparando Brasil à Japão.”. O blog também tem uma lista de “Quais são 13 coisas no Brasil que os japoneses jamais acreditariam!?” . No blog também achei uma frase que acho que resume bem a importância de se informar sobre as outras culturas: “Talvez o ponto de vista de um estrangeiro faça você refletir mais sobre sua cultura, seu costume e seu pensamento, além de conhecer a cultura japonesa e o pensamento japonês.” 
  • (O outro) diario do Olivier ;) - blog de um jornalista francês que vive no Brasil. Ele tem um post, que já é sucesso nas redes sociais, sobre as curiosidades brasileiras. Pincei algumas dessas curiosidades que mais têm a ver com o que estou falando (o texto com o Português confuso é original): “Aqui são umas das minhas observações, as vezes um pouco exageradas, sobre o Brasil. Nada serio.” ; “Aqui no Brasil, tem uma relação ambígua e assimétrica com a América latina. A cultura do resto da América latina não entra no Brasil, mas a cultura brasileira se exporta la. Poucos são os brasileiros que conhecem artistas argentinos ou colombianos, poucos são os brasileiros que vão de ferias na América latina (a não ser Buenos Aires ou o Machu Pichu), mas eles em geral visitaram mais países europeus do que eu. O Brasil as vezes parece uma ilha gigante na América latina, embora que tenha uma fronteira com quase todos os outros países do continente.” ; “Aqui no Brasil, o brasileiros acreditam pouco no Brasil. As coisas não podem funcionar totalmente ou dar certo, porque aqui, é assim, é Brasil. Tem um sentimento geral de inferioridade que é gritante. Principalmente a respeito dos Estados Unidos. To esperando o dia quando o Brasil vai abrir seus olhos.” 
  • Rachel’s Rantings in Rio - de uma simpática americana que vive no Rio de Janeiro. A lista dela é dos dez erros que “expatriados” cometem quando se mudam para o Brasil (a tradução também é minha). Num deles ela cita: “Ser muito defensivo. É fácil se tornar estressado quando você vem para cá. Também incomoda ter brasileiros criticando abertamente seu país quando descobrem de onde você veio. Eu acho que muito disso vem do governo americano. É fácil estereotipar e/ou se estressar quando se é estereotipado. Você não pode se deixar afetar. Dessa forma você só dá razão à outra pessoa. Seja aberto e você será visto de modo diferente aqui. Seu trabalho é ser você mesmo, independente dos estereótipos criados pelos brasileiros... A não ser que você seja eu. Eu sou uma exceção à regra.” 
Lendo esses blogs me convenço cada vez mais que os estrangeiros devem ser bem-vindos no Brasil como residentes e trabalhadores. Não podemos ficar ilhados e com “medo da concorrência”. Assim como não podemos ter medo de irmos lá para fora. O mundo é cada vez mais uma “aldeia”. 
Para encerrar, quero dizer que, na minha visão, um cachorro vira-lata (alguns da nova geração chamam de rasga-saco), tem grandes qualidades. As raças caninas, em sua maioria, são produto de seleção genética artificial que visavam chegar a determinadas características físicas ou de comportamento. As variações genéticas tiveram como consequências uma série de problemas de saúde específicos de cada raça. Já os vira-latas, atualmente, na onda do politicamente correto, também chamados de SRD (Sem Raça Definida), provêm da seleção “natural”. Sendo assim muito mais resistentes a doenças. 
Deveríamos dar mais valor a nós mesmos e não nos envergonharmos em sermos cachorros vira-lata. Na verdade, essa é a nossa maior qualidade. 

Obs.: A foto acima é da Mila. Uma autêntica vira-lata de rua que foi adotada pelo anjo. Não é uma graça? 

FONTES:
LIVRO:
Civilização: Ocidente X Oriente (Título Original: Civilization: The West And The Rest); Autor: Niall Ferguson; Páginas: 432; Ano: 2012 - Editora Planeta
VIRA LATAS:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_de_vira-lata
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2011/03/tema-para-debate-a-sindrome-do-cachorro-vira-lata-3254066.html
BLOG DE ESTRANGEIROS QUE VIVEM (OU VIVERAM) NO BRASIL:
http://www.blog-vivendo-porto-alegre.info/
http://www.riogringa.com/
http://traducao-japones.blogspot.com.br/
http://olivierdobrasil.blogspot.com.br
http://myportoalegre.blogspot.com.br/
http://levandooalceparacasa.blogspot.com.br/2012/11/blogs-de-estrangeiros-sobre-o-brasil.html
http://eatrio.net/
http://rachelsrantings.com/
http://daniellebrazil.blogspot.com.br/
http://gringagoestobrazil.blogspot.com.br/
BLOG DE BRASILEIROS NO EXTERIOR:
http://noivaexpatriada.blogspot.com.br/
http://levandooalceparacasa.blogspot.com.br/
http://egitoebrasil.com/
https://expatriados.wordpress.com/
http://esposadepaquistanes.blogspot.com.br/
BLOGS E NOTÍCIAS SOBRE A VISÃO DOS ESTRANGEIROS A RESPEITO DO BRASIL:
http://cleber.net.br/node/5 
http://dialogospoliticos.wordpress.com/2011/09/21/veja-como-vivem-e-onde-moram-os-estrangeiros-no-brasil/
http://blog.opovo.com.br/turismoenegocios/para-turista-estrangeiro-%E2%80%9Co-melhor-do-brasil-e-o-brasileiro%E2%80%9D-diz-pesquisa/
http://versaobrasileira.blog.br/portugues/como-vivem-os-estrangeiros-brasil/
http://blogdomartins.com.br/brasil/03/05/2013/site-estrangeiro-mostra-para-o-mundo-a-violencia-do-brasil/
http://maribispo.wordpress.com/2011/04/08/o-olhar-estrangeiro-sobre-o-brasil/
http://www.flashesdeviagem.com.br/2012/08/como-o-brasil-e-o-brasileiro-e-visto.html
http://www.vistobwv.com.br/blog/industria-do-petroleo-leva-50-mil-estrangeiros-ao-brasil-em-tres-anos/
http://www.fecomercio.com.br/blog/2012/08/20/percepcao-dos-turistas-estrangeiros-com-o-brasil/
http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2013/04/turistas-estrangeiros-listam-coisas-que-acharam-mais-curiosas-no-brasil.html
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/esportes/noticia/2013/04/relato-de-um-estrangeiro-sobre-o-futebol-no-brasil-4118839.html
http://edylladamares.wordpress.com/um-olhar-estrangeiro-para-o-brasil/
http://blogdopauloschiff.wordpress.com/2012/11/15/como-o-estrangeiro-ve-o-brasil/
http://tipsplustips.blogspot.com.br/2013/04/o-brasil-visto-por-estrangeiros.html

terça-feira, 21 de maio de 2013

Não entendi qual deve ser o salário mínimo de um médico


Sobre a discussão do salário mínimo de um médico.

Estava acompanhando à distância a discussão da entrada de médicos estrangeiros para atuarem no Brasil. Não quero dar uma opinião sobre a capacidade técnica dos mesmos para trabalharem no País. Só sei que há uma grande falta de mão-de-obra especializada em diversas áreas, mas não sei se é o caso da área da saúde.

A verdadeira razão deste post é tentar chegar a um valor que justifique o que foi dado numa entrevista que li na versão eletrônica do jornal Zero Hora. A entrevista é com a vice-presidente do SIMERS (Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul). a última pergunta é a seguinte:
ZH — Qual é o valor mínimo que o sindicato recomenda de salário?
Maria Rita de Assis Brasil — O piso nacional, definido pela lei do médico de 1961, é de três salários mínimos da época. Isso, corrigido, dá hoje ao redor de R$ 10,5 mil brutos. Esse seria o piso do médico para quatro horas de trabalho.
Dividindo R$10.500,00 por três, temos R$3.500,00 de salário mínimo corrigido.
Não sou economista, mas fiz uma série de cálculos e procurei dados históricos de índices de inflação que pudessem me dar valores desde 1961. Só encontrei dois, o IGP-DI (da FGV) e o IPC (da Fipe). Além de ter a taxa de câmbio do Dolar Americano. Primeiro, peguei o salário mínimo nominal a cada 10 anos a partir da aprovação da lei do médico, depois fiz o cálculo da conversão direta do salário mínimo em dólares. Porém, como existe inflação também nos Estados Unidos (lembrei daquela música, "Legal Tender" do B52's, que fala sobre isso), fiz uma coluna de recuperação do valor original do salário mínimo (convertido para US$) a partir de 1961. Depois fiz o mesmo tipo de cálculo de recuperação do poder de compra do salário mínimo de dez/1961 pelos índices do IGP-DI e IPC.
Legal Tender - The B-52's
Bem, como vocês podem ver abaixo, nenhum dos valores chega sequer perto do valor citado pela Dra. Maria Rita.
 Em tempo, em nenhum momento disse que não acho que os médicos mereçam o salário pleiteado pela vice-presidente. Apenas acho que com este tipo de "desinformação" os médicos não vão angariar nenhuma simpatia da população em geral para a sua causa.
Na verdade, gostaria que muitos outros profissionais tivessem esse nível mínimo salarial.


FONTES:
Séries Temporais Banco Central: http://www4.bcb.gov.br/pec/series/port/aviso.asp
Série Histórica Salário Mínimo Ministério do Trabalho: http://portal.mte.gov.br/sal_min/

domingo, 19 de maio de 2013

O corretor da Língua Portuguesa e a "faixa etária de renda".

Entrei na imobiliária e rapidamente o corretor veio me atender, me fez sentar e ofereceu um cafezinho. Agradeci e disse que tipo de imóvel estava procurando. Em seguida ele me perguntou qual a faixa "etária" do imóvel que eu estava disposto a pagar. Achei que tinha ouvido errado e seguimos a conversa. Ele me mostrou na lista que ele tinha todos os apartamentos que estavam dentro do valor e especificações que eu dei. Em seguida falamos sobre a forma de pagamento e eu disse que deveria ser financiado. Foi então que ele fez uma nova pergunta: qual a sua faixa "etária" de renda? Dessa vez eu tive certeza que ouvi certo.
Ficamos conversando por mais de meia hora, visitamos imóveis à venda, etc. Infelizmente o negócio do apartamento não saiu, apesar da gentileza do corretor.
Voltei para casa e procurei na internet qual a minha faixa etária. Achei as respostas mais diferentes possíveis.   Só a título de curiosidade, olhem os sites abaixo:
Conclusão, o corretor, com o seu erro de Português, colocou uma dúvida na minha cabeça. Eu sei qual o valor da minha renda e do imóvel que quero adquirir, mas não sei ainda a minha "faixa etária".

Frases do Homer Simpson para usar durante a vida.

Num post antigo já falei de desenhos animados. Agora, volto a falar por um motivo específico, frases que achei muito engraçadas e que costumava usar, de brincadeira, com frequência.
Não sei bem quando os Simpsons começaram a passar na Globo, mas foi lá que eu assisti pela primeira vez.   Confesso que no início fiquei um pouco chocado. Era uma linguagem e uma temática completamente diferente dos desenhos que passavam na TV daquela época. Era muito "adulto" para um desenho. Assisti a muitos episódios, mas sem ver todos. Gostava de dizer que admirava o Homer porque eu me sentia um pouco fracassado, mas diante do fracasso completo que ele representava, me sentia um pouco mais animado.
Pois bem, o seriado já fez história com os seus mais de 20 anos no ar, e os meus filhos adoram as reprises. Porém, os primeiros episódios não passam mais. Tem um deles que passou na segunda temporada (os dados técnicos seguem abaixo).
150px-One Fish Two Fish Blowfish Blue Fish

Nome: "Todo mundo morre um dia"
Nome Original: "One Fish, Two Fish, Blowfish, Blue Fish"
Temporada: 2
Episódio nº24
Primeira Transmissão: 
24/01/1991



No episódio, Homer vai comer um sashimi de Baiacu venenoso (Fugu), passa mal e acha que vai morrer em 24h. Diante disso ele resolve acertar as suas pendências com a família. Lembro claramente dele falando para o Bart três frases que ele deveria usar pelo resto da vida. Só que, com o tempo, esqueci uma das frases. Felizmente há alguns meses o anjo encontrou no Facebook as tais frases. Fui pesquisar no Youtube e trago agora elas, conforme a dublagem brasileira. A partir dos 9min15seg do episódio:

As três frasezinhas que farão você passar pela vida:
Número 1: Segura pra mim.
Número 2: Ah, boa ideia patrão!
Número 3: Já estava assim quando eu cheguei.

Só não usem demais senão perde a graça.

Fonte: 
http://pt.simpsons.wikia.com/wiki/Todo_mundo_morre_um_dia




quarta-feira, 15 de maio de 2013

Tolerância Religiosa, os Direitos Humanos e a Condição Feminina

Voltando ao tema da tolerância religiosa, resolvi abordar as questões da condição feminina. Sobre esse último assunto, o primeiro livro que me vem à mente é "Sexo e Poder", onde o sueco Göran Therborn faz um incrível comparativo das relações familiares em todas as parte do mundo, ao longo de todo o século XX. Lembro que quando o li, uma das coisas que mais me surpreendeu, foi a condição da mulher indiana. Ao contrario do que eu imaginava, e de como é o senso comum, a mulher hindu, pelo menos ao longo do século XX, esteve em condição muito mais inferiorizada no casamento do que a mulher muçulmana.
Mas então, por que aqui no Brasil, quando damos exemplos de mulheres submissas sempre lembramos das muçulmanas ortodoxas? Na minha opinião é porque a mídia internacional dá muito mais destaque para elas do que para as hindus. No Brasil, tanto a população de hindus quanto de muçulmanas ainda é muito pequena para termos o impacto nas ruas.
De qualquer forma, a "média" da população condena a condição feminina nessas religiões. É claro que isso é uma generalização MUITO grosseira. O islamismo, assim como o cristianismo, tem várias vertentes e a condição feminina varia em todas elas, além de variar de acordo com o grau de instrução, a classe econômica e a região onde vivem. Mas, vamos supor que, novamente, a "média" condene o uso de véus que cubram o corpo todo. O que nos dá o direito de fazermos esse tipo de condenação?
Fui procurar Declaração Universal dos Direitos Humanos e encontrei lá que os direitos não fazem distinção de sexo ou religião (Artigo II), mas também fala da liberdade religiosa (Artigo XVIII). E, embora alguns países nunca a tenham respeitado (nem mesmo formalmente), a nossa Constituição tem um capítulo inteiro para garantí-los. Ainda assim eu fiquei em dúvida. Como pode ser garantida a liberdade religiosa e a igualdade entre os sexos se a maior parte das religiões fazem distinções que inferiorizam a mulher?
Acho que a resposta deve ser dada pelas próprias interessadas. Deixemos que elas decidam se querem ou não terem direitos iguais. Deixemos que elas exerçam o seu livre-arbítrio. Aí você me pergunta: como pode uma mulher que pertence a uma determinada seita que não lhe permite em nada opinar exercer o seu livre-arbítrio? Exercer, talvez não, mas, como diria Millor Fernandes, "livre pensar é só pensar".
Por outro lado, há muitas mulheres que do mais profundo dos seus desejos, não querem mudar realmente a sua condição de inferioridade. Essas mulheres não se enxergam assim. Eu cheguei a essa conclusão de uma maneira meio torta, assistindo ao vídeo "Deus"* do canal Porta dos Fundos no YouTube.
No vídeo uma mulher descobre que Deus não era quem ela pensava. E mais, descobre que todos os grandes nomes da História e da religião também estavam errados. Pois bem, para a maioria das pessoas, descobrir que tudo o que você acreditava está completamente errado é o mesmo que morrer espiritualmente. Muitos preferem manter a sua vida imutável para não perderem todo o sentido de suas vidas.

 atenção esse vídeo pode ser ofensivo para algumas audiências.


FONTES:



Livro: Sexo e Poder: A Família
no Mundo 1900-2000(Göran Therborn) Editora Contexto, 2006

http://www.editoracontexto.com.br/sexo-e-poder.html

Censo 2010 - Religiões: ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_Religiao_Deficiencia/tab1_4.pdf

História da Declaração Universal dos Direitos Humanos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_Universal_dos_Direitos_Humanos

Constituição Federal: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Para ter uma outra visão sobre as muçulmanas no Brasil: https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/MA/article/viewFile/698/699<>

sábado, 11 de maio de 2013

A Liberdade de Expressão e a Intolerância Religiosa

Relendo os meus posts anteriores percebi que o tema da liberdade de expressão é recorrente (e olha que eu nem sou jornalista). Mas achei necessário falar sobre isso com o enfoque da intolerância religiosa.
Semana passada, navegando pelos sites de notícias, duas reportagens me chamaram especialmente a atenção. A primeira foi sobre a prisão do Pastor Marcos Pereira,  a segunda foi sobre a divulgação da descoberta da (possível) cordilheira de granito na Elevação Rio Grande no Atlântico. Ambas notícias bem badaladas na mídia e sobre as quais não preciso falar. Mas, o que mais me chamou a atenção foram, mais uma vez, os comentários.
Já disse que a internet é o melhor lugar de fazer inimigos anônimos. Estou cada vez mais convencido disso. Lendo os comentários vejo expressados os mais primários preconceitos religiosos e xingamentos (a pesar da censura dos mediadores dos sites). Tenho a sensação de que as opiniões sobre as crenças religiosas (mesmo daqueles que se declaram ateus) estão ficando cada vez mais radicais. O Brasil foi, por muito tempo, considerado um país onde a diversidade cultural era bastante respeitada. Por outro lado, nesse último meio-século, não lembro de tensões religiosas (que eu imaginava não existirem no País) tão afloradas.
Procurando na internet, descobri que a impressão não é só minha. Tanto que foi criado, em 2007, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa (21 de janeiro).
Mas, e sobre os  comentários? Será que alguém tem o direito de ofender quem apenas tem opinião contrária à sua? A mesma Constituição que nos dá direito à livre expressão independente de censura (Art. 5º, Inciso IX) é a que garante a liberdade religiosa (no mesmo Art. 5º, porém no Inciso VI).
Neste ponto cabe um parêntese. Thomas Hobbes (pensador inglês do século XVII) definia  , genericamente, a Liberdade como a ausência de limites à vontade pessoal e, com essa ausência, vinham as disputas pessoais e o caos social. A maneira de resolver isso seria através de um "contrato social" com um "soberano" que limitaria essa liberdade em favor de uma estabilidade. Muitos viram isso apenas como uma defesa do Estado Autoritário, e talvez essa tenha sido mesmo a única opção na época de Hobbes. Porém, hoje, temos a opção de fazermos o contrato escrito pelas leis e constituições, não sendo, na minha opinião, nada necessário uma ditadura para garantir a estabilidade.
Terminado o parêntese, fica a pergunta: será que somos tão incompetentes como humanos e seres sociais que não conseguimos nos conformar com o direito dos outros te terem as suas próprias crenças sem entrarmos em conflito?
Intolerância Religiosa

FONTES:
Artigos que questionam a liberdade de expressão e a intolerância religiosa:
http://blog.opovo.com.br/ancoradouro/expressar-opiniao-nao-e-crime-diz-alexandre-garcia-sobre-caso-feliciano/
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2013/04/12/noticiasjornalopiniao,3037401/estamos-prontos-para-a-liberdade-de-expressao.shtml

Organizações que defendem a liberdade de expressão na internet:
http://www.baraodeitarare.org.br/index.php/denuncia
http://artigo19.org/
http://www.oas.org/es/cidh/expresion/showarticle.asp?artID=848&lID=2

Liberdade Religiosa:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Intoler%C3%A2ncia_religiosa

Constituição Brasileira:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

O Cético e o Anjo

Já declarei que sou cético, portanto não acredito em anjos. Mas estou aberto às possibilidades que a vida apresenta. Tem uma porção de coincidências estranhas que acontecem na vida da gente que até dá vontade de acreditar nos tais anjos.
Minha vida quase sempre foi uma montanha russa de emocional. Porém, todas as vezes que eu estava chegando ao fundo do poço, ocorreu algum fato totalmente inesperado que me resgatou e reavivou as minhas esperanças.
A última vez que isso ocorreu, eu andava navegando (melhor dizer à deriva) no ciberespaço, procurando alguém. Não tinha mais esperanças, somente vontade de empurrar com a barriga. Muito pouco tempo depois surgiu uma pessoa (ou melhor um anjo). Pipocou na tela aquela mensagem "oi", e daí para frente mudou completamente a minha vida.

Anjo Tatuado
Só que os anjos também precisam viver e têm as suas necessidades. E assim o anjo foi embora, esperando que alguém faça tão bem para ele quanto ele fez para mim.
Obrigado anjo, só hoje percebi as pequenas asas marcadas nas suas costas.