Algumas considerações sobre a competência e o crescimento profissional.
Hoje tive a oportunidade única de participar de um debate com o presidente de uma grande empresa. Num certo momento, quando se debatia a promoção e avanço de nível e outras questões de meritocracia ele contou uma história que ocorreu com ele mesmo.
- Nem todo mundo nasce para ser chefe (a história contada pelo Presidente).
A história era mais ou menos assim. O Presidente, antes de ocupar a posição atual, trabalhou em outras áreas da empresa, dentre elas a de recursos humanos. Certo dia, um conhecido de longa data, sem muita intimidade, mas munido de coragem foi lhe fazer um questionamento com viés de pedido. Ele contou que já estava na empresa há 25 anos, já havia passado pela subordinação de 8 gerentes e que nenhum dele havia lhe dado uma oportunidade de também chegar a um cargo gerencial. O Presidente então falou para ele o seguinte:
“vou te dizer o que nenhum dos 8 gerentes teve coragem de te dizer: você jamais chegará a um cargo gerencial. E não é porque eu não acho que você tenha ou não capacidade. Mas, se em 25 anos, nenhum dos gerentes te achou capaz para isso, ou todos eles estão errados a respeito da tua capacidade gerencial (o que não é impossível, mas certamente é difícil), ou você realmente não serve para a função. Por outro lado, se você está há 25 anos na empresa, você apresenta capacidade para fazer outras funções, e deve se adaptar à elas.”
Segundo o Presidente o homem saiu chorando da sala e foi embora. Mas continuou trabalhando na empresa.
- Todo mundo é incompetente (inclusive você)
A frase acima não é minha é o título de um livro (tradução do “The Peter Principle”). Esse livro é bastante conhecido e lembro-me de ter lido a 14ª edição de 1991 (que tenho guardada até hoje). O livro tem até verbete na Wikipédia.
Quando li o livro pela primeira vez, fiquei deprimido (essa é uma das duas reações possíveis). Depois entendi que o livro é uma sátira a obcessão pelo crescimento profissional. Um profissional, qualquer que seja ele, pode ser extremamente competente no seu trabalho, mas não quer dizer que tenha capacidades gerencias. Liderança não é uma capacidade técnica muito comum e fácil de ser treinada.
Existe uma velha máxima que diz que “o melhor técnico pode ser o pior chefe”.
O Princípio de Peter é: “numa hierarquia, todo o empregado tende a subir até o seu nível de incompetência”. Sendo o nível de incompetência definido como: “posição numa hierarquia, em que um empregado é incapaz de fazer o que se espera dele”.
Quando se chega ao “nível de incompetência” você se sente frustrado com o seu desempenho e a direção da empresa também. É importante saber parar e dizer não quando você sente que a função está acima da sua capacidade. E isso não tem nada a ver com fugir de desafios. Veja quantos jogadores de futebol bem-sucedidos que fracassaram como técnicos. Também não quer dizer que você deva desistir de tentar um reconhecimento e uma recompensa pelo seu trabalho e resultado para a empresa. Como disse, você pode ser um excelente empregado e se a empresa enxerga isso e percebe o resultado que você dá para ela, nada mais justo do que compensa-lo por isso.
- FONTES:
- Verbete da Wikipédia do Princípio de Peter: http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_de_Peter
- Livro: Todo mundo é incompetente: inclusive você – Laurence J. Peter & Raymond Hull – José Olympio Editora - 1991
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